segunda-feira, 20 de julho de 2009

Deslocada




Deslocada

E se você teme
Voltar, mas não estar de volta
Chegar e não querer o agora
Pois o seu agora não é a mesma aurora
E você não tem mais paciência para ver o sol nascer?

E esse seu medo
De você não conseguir manter segredo
De que na verdade você é outra história
E que agora você não mais chora
E se esconde, atrás do seu antigo ser?

E se eu descobrir
Que tudo que eu temia aconteceu
Que esse “você” é na verdade “eu”
Que o que será, não é o que seria
E o que eu terei, não é o que eu teria
É culpa minha se eu também sofrer?

Antítese




Antítese

Eu sou Antítese
Memória do que não foi
Memória do que seria
Se eu não ficasse perdida em memórias

Quando...




Quando...

Quando eu crescer, quero ser poeta
Encantadora de palavras
Quero saber esculpir versos
E cultivar estrofes
Quero plantar rimas
E colher sonetos

Mas enquanto eu não cresço
Eu brinco de escrever
As idéias, minhas bonecas
Eu visto com clichês
E ponho pra dormir
E me ponho a ninar

Quando eu crescer, quero ser poeta
Eu só não quero crescer

sábado, 18 de julho de 2009

Vazia




Vazia

A minha mágoa
É a dor
Daqueles que não tem realmente um motivo prara sentir dor

A minha mágoa
É nada mais
Que o vazio que causa a ausência da dor

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Degustar




Degustar

O sommelier entende
Reconhece
O especialista perceba
Ele serve o vinho em uma taça de cristal
E analisa a cor
O tom
O sommelier conhece a aparência
O odor.. Diferente processo
De algum modo semelhante
Calmamente, ele inala o perfume
Absorve o aroma
E ele avalia
Com ar de importância
O sommelier prova
O vinho beija seus lábios
O gosto inunda sua boca
E ele aprecia

Já eu?
Ah! Eu sou leiga
Eu não entendo o nosso vinho
Eu tiro o rótulo da garrafa
Eu bebo no gargalo
E me embriago

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Desarranjo




Desarranjo

Não, eu não sou um quadro
Cansei de me limitar em telas
E embelezar com molduras
Recuso formas
Exilo margens
Não quero mais contornos.

Porque o que eu quero é bagunça
Confusão
Eu quero esparramar a tinta pelo chão
Eu quero esparramar o corpo pela cama
Eu quero chama

Então vem
Me chama
Me leva, enleva
Que a minha alma clama
Por poesia

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Primavera




Primavera

Lugares são como quadros
Dependendo dos olhos de quem vê
Cores dominantes, como pintura
Cada lugar tem cores diferentes
É só observar

Aqui, eu já distingui
Aqui, é o azul, o verde.
Um toque de amarelo
Lá, é o laranja, o vermelho e o chocolate
Com um toque de amarelo

Será que os estados de espírito também têm cores? Diferentes olhos vêem diferentes cores ou é só que nem todo olho presta a mesma atenção?
Só eu que vejo esse amarelo?

Cada pintor tem uma interpretação diferente da paisagem.

Paleta




Paleta

Euforia
Embriaguez de sons
e cores

Mentira
Essas cores não me atraem
Tudo azul, completamente blue
Eu quero valor
Quero o vermelho, o amarelo e o terra
Eu quero fogo

A chama pode ter o azul do frio
Mas o gelo nunca terá o ardor da flama

terça-feira, 14 de julho de 2009

Cantiga




Cantiga

Sentido
Sentado
Cansado
Cantado

Cantado
Cansado
Calado
Corrido

Corrido
Calado
Colada
Contigo

Faz sentido

Ventura




Ventura

Eu nunca acreditei em destino
Apenas acasos
Coincidências
Fortunas e infortúnios

Pessoas passam por sua vida
Cada uma deixa uma marca
Algumas mais visíveis e aparentes
Algumas insignificantes
Algumas bem escondidinhas
Onde ninguém mais vê

Eu não acredito em destino
Só em escolhas
Escolhas que têm de ser tomadas
Você queira ou não.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Intervalo



Intervalo

Na minha janela
Eu desacelero o mundo
Recupero o fôlego
Da minha janela
Eu vejo as cores
Ah! Minhas cores...
Que são todo dia a mesma cor
Mas a cada hora mudam de cor
Da minha janela
Eu vejo pássaros
E flores
Eu vejo o céu e a serra
Pessoas e casas
Areia e cimento
Concreto e tijolo
Eu vejo a luz
Na minha janela
Eu ouço música
Divido sons e letras
Me inspiro
Na minha janela
Rascunho o que chamo de versos
Eu vivo poesia
Na minha janela, eu sou poema
Na minha janela, eu sou, finalmente, eu.